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O Rei Já Falava Disso

Há muito tempo ouço falar na “Felicidade Interna Bruta” (FIB) do Butão, um país bem pequeno localizado no Himalaia. Tomei conhecimento desse conceito porque sou fascinada por aquela parte do planeta e sempre li muito sobre seu povo, costumes e crenças.

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O conceito FIB nasceu no início da década de 70 e foi elaborado pelo rei butanês daquele período, Jigme Singya Wangchuck. Ele é o 4º rei daquele pequeno país e o mais adorado pelo seu povo. Líder visionário, percebeu logo que a “ocidentalização” traria coisas boas e más ao seu país, como a devastação ambiental e a perda da cultura e pensou que deveria haver outras formas de medir a economia e o desenvolvimento além dos conhecidos indicadores do mundo ocidental, como o PIB por exemplo.

Foi então que, como o apoio do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o Butão começou a colocar o conceito em prática e atraiu a atenção do resto do mundo com a sua forma de medir o progresso.

O conceito que Jigme Singya Wangchuck desenvolveu para o seu reino tem como base a idéia de que o cálculo da “riqueza” de uma nação deve considerar , além do desenvolvimento econômico, a conservação do meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas. Parece simples e inocente, mas não é.

A FIB envolve 9 diferentes dimensões que são: “Bem –Estar Psicológico”, “ Saúde”, “Uso do Tempo”, “Vitalidade Comunitária”, “Educação”, “Cultura”, “Meio Ambiente”, “Governança” e “Padrão de Vida”.

Mas por que estou falando do Butão? Porque, mais uma vez, me deparo com as “ondas de novidades” que invadem a área de RH e que, sem maiores aprofundamentos ou análises apuradas, se transformam na “moda” da vez. Neste caso, falar de “Felicidade no Trabalho” ou até de “Felicidade Interna Bruta” sem dar os devidos créditos ao Rei do Butão.

Claro que não é todo mundo que ouve o “galo cantar no Butão” e sai por ai inventando maluquice. Tem gente séria e competente estudando o tema e no CONARH deste ano assisti a uma delas, Nicole Fuentes, Assessora perita em Psicologia Positiva do Departamento de Educação Executiva da Universidad de Monterrey (México) e Professora de Ciência da Felicidade na mesma Universidade, dentre outros títulos e vários anos de pesquisa e trabalho na área de Estudos do Bem – Estar.

Nicole ministrou uma palestra didática, instigante e inspiradora. Não citou o Butão, mas eu fiz a ligação direta. Dentre os vários dados muito interessantes que apresentou, citou a mais longa pesquisa já realizada sobre os fatores determinantes para o bem estar, a Harvard Study of Adult Development, dirigida por Robert Waldinger. Há uma palestra dele no TEDX disponível na internet, vale à pena.

Nicole indicou 6 caminhos e deu várias idéias para promovermos o bem estar no nosso ambiente de trabalho e também na nossa vida pessoal afinal, não existe mais a dicotomia vida pessoal X vida profissional. Somos um só, a vida é muito curta e a maior parte dessa nossa vida a gente gasta no trabalho logo, é preciso sim ter satisfação, bem estar e felicidade no trabalho. Vamos às dicas de Nicole Fuentes:

CONECTAR-SE – passe mais tempo com quem você ama, faça um amigo no trabalho, pratique gratidão;
ESTAR ATENTO – reuniões livres de tecnologia, habite e desfrute o presente, faça pausas;
FAZER O BEM – faça um trabalho voluntário, esteja perto da natureza e dos animais;
APRENDER – saia da zona de conforto e se abra para o novo, seja humilde;
ATIVAR-SE – mova-se, cuide da alimentação e durma bem;
TER UM PROPÓSITO – saiba qual a razão pela qual vai se levantar todos os dias e descubra a diferença que você pode fazer hoje.

Ter gente feliz no seu entorno é a melhor receita para atingir os resultados que deseja, então mãos à obra!

Margot Azevedo – Diretora Executiva da Véli/ Vice Presidente da ABRH Bahia.