HARMONIA E LONGEVIDADE NA EMPRESA FAMILIAR
Por Rodrigo Pitrez de Oliveira
No Brasil, mais de 80% das empresas são familiares, porém apenas 12% desses negócios sobrevivem após a terceira geração familiar assumir a gestão.
Essa dura realidade, na grande maioria dos casos, é fruto da ausência de um plano de sucessão, pois a transição de gerações realizada de forma desorganizada é ambiente fértil para rupturas de empresas familiares.
Em empresas familiares onde membros da família trabalham no negócio e outros não, o planejamento sucessório e a formalização das relações que envolvem a família, a gestão e a propriedade mostram-se ainda mais importantes, pois elementos de dúvida acerca da gestão e perspectivas diferentes sobre os negócios geram invariavelmente conflitos.
O fato é que a empresa e a família crescem, sendo necessário organizar essa grande complexidade de forma harmônica, coerente e efetiva.
Com efeito, a longevidade dos negócios familiares necessita de um plano apto a organizar os interesses do grupo familiar, para a finalidade de dirimir conflitos e viabilizar a união da família pelo futuro do negócio.
É importante observar que um plano de sucessão é muito mais complexo do que a simples criação de holdings de participações e administradoras de bens, pois exige a formalização dos relacionamentos dos membros da família com a empresa, visando o alinhamento das expectativas que são a base para o estabelecimento de estruturas de governança familiar e corporativa.
As estruturas do sistema de governança são ferramentas eficazes para organizar a sucessão nas empresas familiares, uma vez que os princípios da transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa, contribuem de forma significativa para a pacificação dos interesses de famílias empresarias.
Todavia, não existe “receita de bolo”, o plano de sucessão e a estruturação de órgãos de governança é trabalho feito sob medida, onde as necessidades e peculiaridades de cada família empresária e do próprio negócio devem ser observadas, para que este “sistema vivo” possa alcançar a sua maturidade e atingimento de seus objetivos.
Dessa forma, um processo de sucessão empresarial bem planejado é resultado do alinhamento das expectativas em torno da gestão, da propriedade e da família, base necessária para estruturação de governanças familiar e corporativa, ferramenta essencial para a harmonia e longevidade na empresa familiar.
RODRIGO PITREZ DE OLIVEIRA é advogado sócio da Guerrero Pitrez Advogados, escritório associado do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC e parceiro da Véli em projetos relacionados ao tema.
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