Oito passos para encarar o processo de seleção de MBA

Autor: Talita Abrantes

São Paulo – Quanto o assunto é carreira, a resolução de ano novo nem sempre se materializa totalmente logo nos primeiros dias do ano. Decidir fazer um MBA fora do Brasil, por exemplo, é um desses planos que levam tempo para sair do papel.

“Primeiro porque a pessoa tem que gastar uns cinco meses para se preparar para os testes. Depois, que leva cerca de duas semanas para preencher os formulários de cada escola”, diz Ricardo Betti, da MBA Empresarial.

Com isso, se você começou a cogitar fazer um MBA fora do país em 31 de dezembro, se correr, só estará apto para se inscrever em outubro – quando começam os primeiros turnos da seleção para os programas das principais escolas de negócios do mundo.

A maioria dos brasileiros, no entanto, opta por fazer as inscrições em janeiro, quando acontece o segundo turno de seleções. O último, que é realizado por volta de março e abril, não é recomendado para alunos estrangeiros. Motivo? Sobra pouco tempo para tirar o visto até o início das aulas, já no segundo semestre do ano.

Veja a seguir os passos para superar a saga por uma vaga nos programas de MBA mais concorridos do mundo. Mas, atenção, cada item abaixo não deve ser feito isoladamente se a sua intenção é entrar no MBA já em 2013:

1. Encare o GMAT e os testes de proficiência em língua estrangeira

Primeira lição para tirar o processo de seleção de MBA de letra? Não subestimar o GMAT (. Obter uma boa pontuação no teste não garante sua vaga no programa de MBA, mas tem a capacidade de abrir algumas portas nas melhores escolas de negócios do mundo.

Ao todo, a prova possui 3 horas e meia de duração. Parece muito, mas acredite: o tempo é curto para superar as 78 questões mais os dois ensaios que compõem a prova. Encará-las exige cerca de cinco meses de treino.

Além do GMAT, todas as escolas de negócios exigem também testes de proficiência em língua estrangeira para candidatos de outros países.
Nesse momento, a dica é priorizar os treinos para a prova do GMAT. “Ao estudar para o GMAT, o candidato já se prepara para 2/3 do teste de proficiência em língua estrangeira”, diz Betti.

Afinal, o que importa para as escolas de negócios quando o assunto é proficiência em língua inglesa é se o candidato consegue fazer a nota de corte. Se tirar uma nota maior do que o piso que elas determinam, nada vai mudar no processo de admissão.

No GMAT, ao contrário, isso conta. Quanto menor a pontuação, menores as chances de entrar nas escolas que sempre figuram nos rankings de MBA.

2. Faça seu próprio processo de seleção, no caso, das escolas

O peso da marca da escola é importante, mas não é tudo. No dia-a-dia do curso, o que vale é a coerência entre o estilo da instituição e o perfil do aluno. Sem o casamento entre essas duas variáveis, o dinheiro e tempo investido no programa podem render um custo benefício baixo.

Por isso, não se apegue apenas aos nomes (e renomes) das instituições. Priorize programas que tenham afinidades com quem você é e o que quer da sua vida profissional. Para isso, procure informações na internet, converse com ex-alunos e avalie qual programa de MBA no exterior é a sua cara.

3. Comece o cadastro

Atualmente, todos os formulários dos processos de admissão são feitos pela internet. Como documento online, é possível salvá-los e retornar em outro momento para editá-los. A regra vale até o momento em que você decidir enviá-los, de fato, para a escola.

Para não perder tempo, comece a preencher todos a partir do momento em que você escolheu a escola. “Sempre que surgir um tempo livre, preencha o cabeçalho ou as questões mais pontuais do questionário, por exemplo”, diz Betti.

4. Cuide dos documentos
Não deixe para as semanas ou minutos finais a preparação dos documentos exigidos pelas escolas. Requerê-los e fazer a tradução juramentada leva tempo. Via de regra, as instituições pedem os seguintes documentos:

. Histórico escolar da graduação original em português, além da tradução juramentada do documento.

. Histórico escolar da pós-graduação original em português, além da tradução juramentada do documento.

. Certificado de conclusão do curso, além da tradução juramentada dele.

. Uma carta oficial da universidade ou faculdade explicando o sistema de notas. “Algumas já têm um kit pronto com essas informações. Na Escola Politécnica da USP, por exemplo, eles informam que as notas variam de zero a dez, mas que os melhores alunos têm média 7”, diz o especialista.

5. Dedique tempo para as cartas de recomendação

“As cartas de recomendação são toda uma novela a parte. São tão complicadas quanto os ensaios”, diz Betti. Isso significa que você tem que ter muito critério ao escolher a pessoa que irá respondê-las. “Tem que ser alguém que te conheça bem”, diz o especialista.

Saber tudo sobre seu perfil e vida profissional, contudo, não é o bastante. O chefe, colega de trabalho ou cliente que irá testemunhar sobre você para as escolas de negócios também deve estar preparado para esta missão.

“Você tem que sentar com a pessoa, deixar o currículo e repassar as perguntas que podem ser feitas”, diz Betti. “Muitas vezes, o chefe não lembra mais suas conquistas. Se você contar, ele vai lembrar”. Para ter uma ideia do que é questionado, veja as perguntas para as pessoas que recomendam feitas pela Harvard Business School.

Não se esqueça: essas pessoas também devem ter um bom domínio da língua inglesa. Afinal, todo o processo será neste idioma para as escolas de negócios em países como Estados Unidos e Reino Unido.

6. Finalize os ensaios

Os ensaios são um dos pontos mais altos do processo de admissão para um programa de MBA em instituições como Harvard ou Stanford. “Como eles são introspectivos levam tempo para escrever”, diz o especialista.

Atenção redobrada com sua fluência no inglês e com o limite de tamanho. Nunca ultrapasse o número de palavras determinado pelas escolas para cada questão. Confira algumas perguntas recorrentes nos processos de seleção de MBA:

. Por que escolheu esta escola?

. Quais são os seus objetivos de carreira após o MBA?

. Descreva duas realizações da sua vida profissional ou pessoal

. Descreva um dilema ético e como você o resolveu

. Se tivesse a chance de conversar meia hora com o presidente do seu país, que perguntas lhe faria?

. Escreva o índice do livro da sua vida

7. Anexar seu currículo ao cadastro

Cuidado com o currículo que você irá anexar no formulário. Quanto mais simples e objetivo, melhor. “É importante que ele tenha uma página”, diz Betti. Elenque as informações sobre educação, experiência profissional, hobby, viagens (vale até viagens culturais) e trabalho voluntário.

8. Prepare-se para a entrevista

Feito isso, submeta o cadastro à instituição e espere a convocação para a entrevista. Geralmente, a entrevista é feita em inglês por ex-alunos que moram no Brasil. Em alguns poucos casos, elas são realizadas no país da instituição.

Para se preparar, vale acessar o site Zoom Interviews. Lá, é possível encontrar vídeos com simulações de entrevistas para MBA. Mas, lembre-se, o mais importante na hora de estar cara a cara com o selecionador é ser você mesmo. E nada além disso.

 

Fonte: Exame. Clique aqui para ver o link original.

Olhar o futuro (Plano de Previdência)

Autor: Vanderlei Abreu

Plano de previdência não é mais visto apenas como complemento à aposentadoria

Cristina, do Deutsche Bank: o brasileiro ainda não tem familiaridade com esse tipo de benefício

Muito mais que a necessidade de garantir uma renda melhor que a proporcionada pelo INSS na aposentadoria, os planos de previdência se tornaram uma interessante ferramenta de atração e retenção de talentos. Segundo Carolina Wanderley, consultora sênior de previdência da Mercer, é mito acreditar que os jovens não estão preocupados com esse assunto. Ela conta que pesquisas feitas pela consultoria apontam para um aumento da contribuição nessa faixa etária. “Fatores como a necessidade de ajudar os pais e a independência [financeira] característica dessas pessoas, que não contam mais com a empresa como garantia de proteção futura, fazem com que elas procurem acumular dinheiro. E o investimento em fundos de previdência que tenham aplicações mais agressivas, por exemplo, fundo de ações, atrai muito os profissionais mais jovens”, atesta.

Justamente pensando no público mais jovem Carolina faz algumas recomendações aos gestores de RH quando do desenho do plano de previdência. Ela indica analisar o perfil do quadro de funcionários, levando em conta a quantidade de profissionais que estejam em fase de pré-aposentadoria; avaliar o perfil salarial, especialmente se a empresa pratica remuneração variável; observar o impacto do custo do plano na folha de pagamento; e o principal: o propósito de oferecer esse benefício. “O gestor não deve ter a preocupação de conceder previdência privada só porque o mercado oferece”, pondera.

Cristina Aiach Weiss, diretora de recursos humanos do Deutsche Bank, também considera como aspectos importantes na hora de projetar o plano de previdência entender a cultura da empresa, conhecer o fornecedor com o qual vai trabalhar e estabelecer uma forte e permanente ação de comunicação com o funcionário. “O brasileiro ainda não tem familiaridade com esse tipo de benefício e precisa de muita orientação com cálculos, projeções, simulações, e o prestador de serviço precisa estar apto a ajudar o RH na gestão do plano da forma mais profissional possível”, considera.

Plano fechado
O risco atuarial tem sido o principal motivo que tem levado as organizações a mudarem seus planos de previdência do modelo de garantia futura para o de contribuição definida. Carolina Wanderley, da Mercer, explica que, nos planos baseados em garantia futura, a empresa (quando garante o pagamento de um benefício de 60% do salário na aposentadoria do funcionário, por exemplo) precisa provisionar os valores estipulados em seu balanço, o que representa um passivo a descoberto, já que não há como prever qual será a quantia real a ser paga. Na opinião da consultora, a empresa deve deixar claro para o funcionário quanto ela pode pagar de percentual do salário em termos de contrapartida da contribuição individual. “Se o valor é suficiente para as necessidades do colaborador, essa é uma definição dele, ou seja, é transferir ao empregado a responsabilidade por sua aposentadoria”, conta.

O Deutsche Bank tem 383 funcionários no Brasil, oferece previdência privada como benefício desde 1993 e em 1997 adotou o modelo de contribuição definida. No plano do banco alemão, a contribuição do funcionário pode ser de até 5,5% do salário e a instituição financeira complementa 100% do valor descontado do contracheque. “Ele até pode contribuir com um valor acima desse percentual, mas o banco não dá a contrapartida de 100%”, esclarece Cristina, diretora de RH.
Outra regra estabelecida pelo banco trata do prazo e do valor de resgate. Para fazer retiradas das contribuições devidamente corrigidas, o funcionário deve ter ao menos três anos e meio de casa, precisa rescindir o contrato de trabalho e pode resgatar 75% do valor complementado pelo banco ao longo do período, além, claro, de todo o dinheiro descontado mensalmente. “Se sair antes desse prazo, ele perde a contribuição feita pelo banco”, adverte Cristina.

A divisão química da AkzoNobel, multinacional holandesa com destacada participação no mercado brasileiro de tintas, tem um plano de previdência parecido com o do Deutsche. As principais diferenças são os percentuais de contribuição do funcionário, que pode optar por 4,5% ou 7,25% do salário, e o prazo de resgate, que, por enquanto, só pode ser feito na rescisão do contrato ou na aposentadoria. “Se ele sair da companhia, só pode retirar o valor da contribuição individual. Caso se aposente, também leva o valor pago pela empresa”, completa Adenilson Araújo, gerente de RH. Entretanto, ele esclarece que essa cláusula do plano está sendo revista, já que todo o benefício previdenciário está passando por um processo de unificação, devido à aquisição global, em 2008, da Imperial Chemical Industries (ICI), que mantinha um plano diferente do da AkzoNobel. “Na harmonização dos dois planos, o previsto é, quando da aposentadoria – seja proporcional ou integral -, que o funcionário receba as duas contribuições, a individual e a da empresa. No futuro, pretendemos estabelecer um prazo de contribuição ao fundo que permita o saque de ambas as contribuições de maneira proporcional.”

Atração e retenção
Carolina Wanderley, consultora sênior da Mercer, afirma que a contrapartida de 100% feita por algumas empresas não é mais um diferencial em termos de atratividade. Entretanto, ela ressalta que a companhia pode fazer uma distribuição diferenciada dos recursos destinados à previdência privada de acordo com o perfil de seu público. “Por exemplo, para o pessoal mais jovem, que não valoriza tanto a previdência para a aposentadoria, a empresa pode cobrir 75% ou 50%. Já para os funcionários que ela deseja reter, que têm mais tempo de casa e deseja que essas pessoas valorizem o plano de previdência, ela pode dar até 200%”, estima.

Cristina, do Deutsche Bank, considera como pontos de atratividade de seu plano a possibilidade de resgatar 75% da contribuição empresarial quando o funcionário sai da empresa, opção de aplicação dos valores em fundos de renda variável e um PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) complementar com possibilidade de resgate após um ano de contribuição. Já Araújo, da AkzoNobel, acredita que o percentual de contribuição de 7,25% é um fator de atratividade e, principalmente, de retenção, mas que deve ser melhorado com a definição de um prazo menor para o resgate.

 

Fonte: Revista Melhor do RH. Clique aqui para ver o link original.

5 coisas para fazer pela carreira ainda em janeiro

Autor: Talita Abrantes

Reserve um tempo também para colocar a própria maneira como você faz networking em xeque. Será que você é um daqueles que as pessoas fogem nos eventos profissionais? Na hora de fazer seu cartão de visitas, vale também checar quais são os erros mais clássicos.

De atualizar seu currículo até se inscrever em um MBA, veja quais são as tarefas que você não pode deixar para depois do carnaval

São Paulo – Já se foram duas semanas desde que 2012 deu seus primeiros suspiros, mas todas aquelas resoluções lindas do dia 31 de dezembro continuam presas ao papel? Então, é hora de arregaçar as mangas e aproveitar o marasmo de janeiro para dar corpo a cada uma delas.

Agora, se você não sabe por onde começar, EXAME.com listou um guia rápido de ações que você deve fazer por sua carreira antes do carnaval. Afinal, num ano cheio de suspense em torno dos mercados globais, não vale deixar para revitalizar a própria trajetória profissional só depois da quarta-feira de cinzas.

1.Atualize seu currículo
Por melhor que esteja sua situação no atual emprego, não vale deixar seu currículo empoeirado em algum canto do seu e-mail. Nunca se sabe quais oportunidades podem aparecer nos dias que se seguem.

Por isso, aproveite os próximos dias para dar uma cara nova a esta importante ferramenta de carreira. A ideia não é mudar o design do documento ou transformar seu currículo em infográfico (embora essa seja uma boa pedida para algumas profissões). Mas, sim, colocar no papel um bom resumo do que foi seu 2011.

Se continuou no mesmo emprego, atualize seus principais resultados no campo descrição. Se mudou, altere essa informação. Fez um curso? Melhorou sua fluência em algum idioma? Inclua tudo isso no seu currículo. Com objetividade, clareza e todos os outros atributos de um bom currículo.

2. Coloque seu networking em ordem
Tenha como meta levar networking mais a sério em 2012. Comece dando mais atenção para os cartões de visita que recebe rotineiramente. Tire um tempo nos próximos dias para organizar seus contatos.

Dica: sempre que receber um novo cartão de visita, anote a data e o contexto em que conheceu a essa pessoa. Para facilitar a retomada de contatos, faça uma anotação sobre alguma peculiaridade do encontro.

Reserve um tempo também para colocar a própria maneira como você faz networking em xeque. Será que você é um daqueles que as pessoas fogem nos eventos profissionais? Na hora de fazer seu cartão de visitas, vale também checar quais são os erros mais clássicos.

3. Dê um jeito no LinkedIn
Em 2011, o LinkedIn virou parada obrigatória para todo o profissional. Mas não basta ter um perfil na rede. É preciso participar.

Primeiro, muita atenção às palavras que você insere no perfil. Para aparecer bem nas ferramentas de busca, invista em técnicas de SEO, como uso de palavras chave e envolva-se em grupos.

Coloque na sua agenda também a participação ativa nos grupos de discussão, o hábito de responder às perguntas postadas no site ou outras ações que torne você relevante na rede.

4. Inscreva-se
Se a intenção é dar um upgrade na carreira, você não pode deixar 2012 passar sem frequentar, ao menos, uma sala de aula. Vale fazer um curso de línguas no exterior, um MBA ou voltar à faculdade.

Se a ideia é fazer um MBA no exterior, por exemplo, vale começar ainda este mês a estudar para a prova do GMAT e seguir alguns passos básicos para encarar o minucioso processo de seleção nas melhores escolas fora do país.

Agora, se a sua intenção é aproveitar as próximas férias para fazer um curso no exterior, escolha um destino coerente com as demandas da sua área de atuação.

5.Planeje
Se você ainda não tem muita ideia do que quer para sua vida profissional em 2012, tire os próximos dias para fazer um mergulho para dentro de si mesmo. EXAME.com preparou, por exemplo, um guia de testes para avaliar sua carreira em 2011 e um guia para planejá-la em cinco dias.

 

Fonte: Exame. Clique aqui para ver o link original.

Lições da demissão

Autor: Suzanne C. de Janasz e Amy L. Kenworthy

As atuais taxas de desemprego não chegam às da Grande Depressão (1929), mas as demissões continuam marcando presença em alguns cenários empresariais. Dada a dura realidade enfrentada por muitos na economia volátil atual, analisamos o impacto da demissão sobre um indivíduo. Será que prejudica, permanentemente, sua autoestima? O que isso significa para o futuro de sua carreira e para uma empresa? O fato de ser demitido pode beneficiar a saúde e o bem-estar de uma pessoa?

Este último ponto pode parecer contra-intuitivo, mas não dá para subestimar a força da mudança. É fácil pensar que perda do emprego pode ser algo extremamente negativo, mas pesquisas indicam que o efeito perturbador – o “choque” – da perda também pode vir a ser um catalisador de mudanças positivas. Esse tipo de choque tem o potencial de sacudir as pessoas para saírem da inércia, forçando-as a descartar o velho e focar o novo. Para muitos, este choque abre portas e oportunidades em direção à autenticidade.

Perguntamos a alguns profissionais que perderam seus empregos recentemente como isso os havia afetado, e como estavam encarando a busca por um novo trabalho. Entre as respostas, surgiram quatro temas – três deles ligado a um desejo de buscar uma maior autenticidade. Ou seja, essas pessoas manifestaram um novo interesse em conhecer e viver seus valores.

Um pouco mais sobre as respostas:

Qualidade de vida: Um entrevistado observou que “flexibilidade e qualidade de vida são mais importantes do que salário e cargo”. Sendo assim, o emprego se tornou um meio de manter um estilo de vida, e não um objetivo em si – fato reforçado pelo desejo de passar mais tempo com a família e amigos e esperanças de desempenhar papéis novos e menos exigentes. O salário é importante para a maioria dos entrevistados, mas apenas na medida em que ele apoia os objetivos de vida.

Um trabalho significativo: As pessoas passaram a desejar um emprego que ofereça algum significado e que se alinhe aos seus valores pessoais. Uma razão para isso é a necessidade de contribuir para com a sociedade. “Busco (e tenho como prioridade) encontrar um trabalho que não deixe cicatrizes na minha alma”, disse um entrevistado. Avançar na carreira e ter competências e habilidades compatíveis foi igualmente enfatizado: “No começo pensava em trabalhar com qualquer coisa, mas agora quero focar na gestão de minha carreira de maneira que se encaixe aos meus talentos”.

Segurança e felicidade:
Segurança e estabilidade foram relatados como critérios importantes para a escolha do próximo emprego, mesmo que isso significasse aceitar um salário ou posição inferior. “A felicidade e um ambiente de trabalho positivo virou uma prioridade enorme. Eu não vou tentar sobreviver em um ambiente de trabalho tóxico de novo”, relatou um entrevistado.

Insegurança e cinismo: Este último tema é mais obscuro. Para alguns entrevistados, ser demitido provocou dois tipos de reação negativa: insegurança e um cinismo generalizado sobre o futuro em uma empresa. A insegurança pode afetar não só o modo como as pessoas veem a si mesmas, mas como outros as veem – dificultando ainda mais o processo de encontrar um trabalho que ajudará a devolver a sua confiança. Este tema é exemplificado pelo entrevistado que observou: “É difícil se candidatar a um emprego, pois eu nunca tive problema em encontrar um trabalho. Isso faz com que eu me sinta inferior. É como se alguém com um trabalho bom e seguro fosse decidir se vale a pena ou não me entrevistar e efetivamente decidir meu futuro imediato. Tenho vontade de gritar ‘eu sei fazer isso! Apenas me dê uma chance!”

Já o cinismo se dá pelo fato de um entrevistado pensar na demissão como sendo injusta, resultando em um sentimento negativo sobre qualquer futuro emprego ou ambiente de trabalho. Os entrevistados se mostraram céticos quanto a líderes empresariais que falam sobre valores, mas raramente os pratica ou os demonstra. “Só posso supor que meu desempenho tem impacto bastante limitado sobre o progresso da minha carreira – e isto é algo difícil de aceitar. Agora há muito cinismo – quando antes era o idealismo que dominava minhas aspirações”.

O que isso significa para as empresas?

Apesar desses sentimentos de insegurança e cinismo, a maioria dos feedbacks obtidos nas falas acima mostrou que ser demitido é, pelo menos, em um primeiro momento, positivamente associado à busca dos indivíduos por uma maior autenticidade. E isso afeta a forma como as companhias lidam com as demissões.

Primeiro, as organizações que demitem para reduzir custos operacionais deveriam ser mais estratégicas. Por exemplo, poderiam oferecer prolongamento de férias não remuneradas ou licenças sabáticas, a fim de compensar baixas demandas. Isso faz sentido, dado que o tempo gasto com a família e amigos – e com assuntos não relacionadas ao trabalho – podem ser mais valorizados que o dinheiro. Mesmo uma redução de 10% em horas anuais (e salário) pode ser uma solução vantajosa para todo mundo.

Quando as demissões são necessárias, as empresas poderiam oferecer cursos aos funcionários afetados, ajudando-os a identificar e priorizar seus valores. Esses cursos também poderiam ensinar estratégias financeiras para viver com menos dinheiro e aumentar a qualidade do tempo pessoal. Uma vez feito isso, os funcionários poderiam substituir o fardo de viver para trabalhar por algo mais significativo: trabalhar para viver.

Por fim, as pessoas que atualmente estão no mercado de trabalho necessitam de treinamento para acabar com a insegurança e desenvolver a autoconfiança. As empresas poderiam fazer parcerias com organizações comunitárias ou administradores de programas de autoajuda ou de aperfeiçoamento. Tudo para fazer com que as pessoas se sintam confiantes em muitos aspectos de suas vidas.

Embora nossa pesquisa seja exploratória, o padrão das respostas aqui citadas deixou algo claro: Os entrevistados – todos demitidos recentemente de seus empregos –
mostraram muito potencial para mudanças positivas. É algo que os chineses sabem desde o início de sua escrita: as crises podem atrapalhar o caminho de um indivíduo, mas também podem oferecer a oportunidade catártica para uma mudança positiva e autêntica.

*Suzanne C. de Janasz é professora de Liderança e Desenvolvimento Organizacional no International Institute Management Development (IMD). Amy L. Kenworthy é professora de Gestão na School of Business da Bond University.

 

Fonte: Você RH. Clique aqui para ver o link original.