Como um conto sufi pode ajudá-lo rever sua maneira de comunicar seus pontos favoráveis e vulneráveis.

A DIFERENÇA ESTÁ EM COMO SE FALA

Tenho refletido muito sobre os “porquês” que alguns profissionais têm bom desempenho durante os processos de entrevista e estou convicta que boa parte responsável por este desempenho está na forma como eles comunicam suas experiências, argumentam sobre seus pontos mais vulneráveis e acima de tudo a maneira como estabelecem uma relação de proximidade com o avaliador.

Como iniciei escrevendo “a diferença está em como se fala”, optei pelo conto que descrevo a seguir. Boa leitura.

“Uma vez, um sultão poderoso sonhou que havia perdido todos os dentes. Intrigado, mandou chamar um sábio que o ajudasse a interpretar o sonho. O sábio fez um ar sombrio e exclamou: “Uma desgraça, Majestade”. Os dentes perdidos significam que Vossa Alteza irá assistir a morte de todos os seus parentes”. Extremamente contrariado, o Sultão mandou aplicar cem chibatadas no sábio agourento. Em seguida, mandou chamar outro sábio. Este, ao ouvir o sonho, falou com voz excitada: “Vejo uma grande felicidade, Majestade. “Vossa Alteza irá viver mais do que todos os seus parentes”. Exultante com a revelação, o Sultão mandou pagar ao sábio cem moedas de ouro. Um cortesão que assistira a ambas as cenas vira – se para o segundo sábio e lhe diz: “Não consigo entender. Sua resposta foi exatamente igual à do primeiro sábio. O outro foi castigado e você foi premiado”. Ao que o segundo sábio respondeu: “a diferença não está no que falei, mas como falei”.

Lizete Araújo
Diretora Executiva – Véli Soluções em RH
Certificada em Coach pela International – Coach Community
[email protected]

Arte é cultura. Arte Transforma e Inova.

Desde 1998, o Projeto atende a cerca de 200 alunos por ano no Aglomerado Santa Lúcia e no Jardim Canadá, com cursos infantis, aulas de ballet clássico, jazz e danças urbanas.

O aprendizado da dança eleva a autoestima, promovem um bom desempenho escolar, melhoram a convivência e o relacionamento social, ampliando os horizontes das nossas crianças e adolescentes.

Acesse http://meuprimeiroato.com.br e conheça o projeto.

PARCERIA VELI-MG e GPS Desenvolvimento HUMANO E Empresarial

Legitimando nosso compromisso em estabelecer parcerias que compactuam dos mesmos valores a Veli- RH Unidade de Minas Gerais formaliza a parceria com a GPS Desenvolvimento HUMANO E Empresarial, empresa especializada em implantação de modelo de Gestão Empresarial, com ênfase em Planejamento Estratégico e Executivo, Desenvolvimento de Lideres Empresariais, fortalecimento da cultura organizacional, Gestão de Processos em RH e Atendimento ao Cliente.

Solicite uma visita para conhecer o que podemos lhe oferecer. Teremos satisfação em atendê-lo (a)!

Lizete Araujo – Diretora Executiva da Véli Minas Gerais
[email protected] (31) 3296-8266

AMCHAM e VÉLI / I9AÇÃO promovem curso de Gamificação em Brasília

A AMCHAM em parceria com a VELI / I9AÇÃO, realizou nos dias 31/08 e 01/09, no Hotel Allia Gran em Brasília, o curso Gamificação nos Negócios: Aumento de Produtividade e Performance. O curso contou a presença de profissionais de diversas como SABIN, Cooperforte, Compline, dentre outras.

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Em dois dias de curso, o Diretor da i9Ação, Fernando Seacero, auxiliou os participantes a tornarem suas empresas referência em motivação de equipes e de conquista de melhores resultados. Seacero é autor de vários cases de sucesso na implantação de games empresariais em empresas como Vivo, Unilever, Leroy Merlyn, Natura, Carrefour, McDonalds.

Com a missão de desenvolver profissionais e equipes, a VELI RH trouxe para Brasília em parceria com a I9AÇÃO a aplicação de conceitos dos jogos no ambiente de trabalho por ser uma tendência que vem encorajando mudanças de comportamento dos funcionários, aumentando a produtividade, incentivando a inovação, agilizando processos e até tornando as tarefas mais tediosas em obrigações mais agradáveis.

A I9AÇÃO é pioneira no desenvolvimento de jogos empresariais e soluções interativas de aprendizagem na América Latina e, desde 2001, vem oferecendo soluções de gamificação estratégica, incluindo o desenvolvimento e aplicação de learning games, business games e simuladores, sempre inovando os treinamentos corporativos das empresas para que elas conquistem vantagens competitivas e sustentáveis por meio do desenvolvimento e engajamento das pessoas.

O Rei Já Falava Disso

Há muito tempo ouço falar na “Felicidade Interna Bruta” (FIB) do Butão, um país bem pequeno localizado no Himalaia. Tomei conhecimento desse conceito porque sou fascinada por aquela parte do planeta e sempre li muito sobre seu povo, costumes e crenças.

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O conceito FIB nasceu no início da década de 70 e foi elaborado pelo rei butanês daquele período, Jigme Singya Wangchuck. Ele é o 4º rei daquele pequeno país e o mais adorado pelo seu povo. Líder visionário, percebeu logo que a “ocidentalização” traria coisas boas e más ao seu país, como a devastação ambiental e a perda da cultura e pensou que deveria haver outras formas de medir a economia e o desenvolvimento além dos conhecidos indicadores do mundo ocidental, como o PIB por exemplo.

Foi então que, como o apoio do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o Butão começou a colocar o conceito em prática e atraiu a atenção do resto do mundo com a sua forma de medir o progresso.

O conceito que Jigme Singya Wangchuck desenvolveu para o seu reino tem como base a idéia de que o cálculo da “riqueza” de uma nação deve considerar , além do desenvolvimento econômico, a conservação do meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas. Parece simples e inocente, mas não é.

A FIB envolve 9 diferentes dimensões que são: “Bem –Estar Psicológico”, “ Saúde”, “Uso do Tempo”, “Vitalidade Comunitária”, “Educação”, “Cultura”, “Meio Ambiente”, “Governança” e “Padrão de Vida”.

Mas por que estou falando do Butão? Porque, mais uma vez, me deparo com as “ondas de novidades” que invadem a área de RH e que, sem maiores aprofundamentos ou análises apuradas, se transformam na “moda” da vez. Neste caso, falar de “Felicidade no Trabalho” ou até de “Felicidade Interna Bruta” sem dar os devidos créditos ao Rei do Butão.

Claro que não é todo mundo que ouve o “galo cantar no Butão” e sai por ai inventando maluquice. Tem gente séria e competente estudando o tema e no CONARH deste ano assisti a uma delas, Nicole Fuentes, Assessora perita em Psicologia Positiva do Departamento de Educação Executiva da Universidad de Monterrey (México) e Professora de Ciência da Felicidade na mesma Universidade, dentre outros títulos e vários anos de pesquisa e trabalho na área de Estudos do Bem – Estar.

Nicole ministrou uma palestra didática, instigante e inspiradora. Não citou o Butão, mas eu fiz a ligação direta. Dentre os vários dados muito interessantes que apresentou, citou a mais longa pesquisa já realizada sobre os fatores determinantes para o bem estar, a Harvard Study of Adult Development, dirigida por Robert Waldinger. Há uma palestra dele no TEDX disponível na internet, vale à pena.

Nicole indicou 6 caminhos e deu várias idéias para promovermos o bem estar no nosso ambiente de trabalho e também na nossa vida pessoal afinal, não existe mais a dicotomia vida pessoal X vida profissional. Somos um só, a vida é muito curta e a maior parte dessa nossa vida a gente gasta no trabalho logo, é preciso sim ter satisfação, bem estar e felicidade no trabalho. Vamos às dicas de Nicole Fuentes:

CONECTAR-SE – passe mais tempo com quem você ama, faça um amigo no trabalho, pratique gratidão;
ESTAR ATENTO – reuniões livres de tecnologia, habite e desfrute o presente, faça pausas;
FAZER O BEM – faça um trabalho voluntário, esteja perto da natureza e dos animais;
APRENDER – saia da zona de conforto e se abra para o novo, seja humilde;
ATIVAR-SE – mova-se, cuide da alimentação e durma bem;
TER UM PROPÓSITO – saiba qual a razão pela qual vai se levantar todos os dias e descubra a diferença que você pode fazer hoje.

Ter gente feliz no seu entorno é a melhor receita para atingir os resultados que deseja, então mãos à obra!

Margot Azevedo – Diretora Executiva da Véli/ Vice Presidente da ABRH Bahia.

6 lições inspiradoras de Jorge Paulo Lemann

Se você pudesse fazer uma pergunta ao maior empreendedor do Brasil, qual seria? Confira os conselhos que Jorge Paulo Lemann deu a um grupo de empreendedores apoiados pela Endeavor.

“Acho que seu sonho de conquistar os mercados do Brasil e América Latina é um pouco limitado… eu olharia para o mundo”. Foi assim que Jorge Paulo Lemann respondeu um empreendedor que perguntava sobre a expansão de sua empresa em uma sessão de mentoria coletiva promovida pela Endeavor na última semana.

Jorge Paulo Lemann e seus sócios Beto Sicupira e Marcel Telles são donos de algumas das maiores empresas do mundo e praticam diariamente o lema “Sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho”. Ele diz ter três metas de vida: deixar algum marco significativo na área de educação, empresas sólidas com possibilidades de se perpetuarem e uma família produtiva que tenha responsabilidade sobre aquilo que receber.

Lemman acredita profundamente na educação e no empreendedorismo como a base para um país andar para frente. Não é à toa que se dedica a projetos como a Fundação Estudar, Fundação Lemann, Khan Academy e a própria Endeavor. Em uma sessão de mentoria coletiva com algunsEmpreendedores Endeavor, Jorge Paulo ouviu desafios e perguntas, compartilhou histórias e deu conselhos com uma simplicidade admirável.

Confira os principais aprendizados dessa conversa:

  1.       Crise não é motivo de desespero

“O Brasil nunca é tão bom quanto poderia ser, mas também não é tão ruim quanto falam. Podemos não estar no melhor momento, mas as maiores operações que tivemos foram em época de crise. O mercado e os empreendedores do Brasil são muito bons, então é melhor olhar para frente, ver como aproveitar qualquer dificuldade e o que é possível fazer a mais”.

  1.       Quando for buscar investimento, não olhe só para o dinheiro

“Gosto de sócio que trabalha e contribui. Como empreendedor, eu olharia para um investidor de Private Equity ponderando se ele quer apenas colocar dinheiro ou se será um sócio que vai trazer algo a mais – algum know how específico, se tem um outro investimento parecido que possa trazer experiências… Quanto ao momento certo para abrir as portas, quanto mais conseguir engordar o porquinho antes de buscar dinheiro dos outros, melhor. E se for buscar, não olhe só para o dinheiro, entenda o que de valor ele poderá agregar ao negócio”.

  1.       Equilibre a vida pessoal e profissional

“Sou um cara muito organizado e disciplinado. Sempre pratiquei esporte, pelo menos uma hora por dia, seja o que estiver acontecendo no mundo. Além disso, sempre fui muito participativo com a minha família, deu tempo de fazer e criar seis filhos. Um certo equilíbrio é importante. Delego muito: nunca fiz questão de ser o cara que fazia tudo. Gastei mais tempo escolhendo e formando gente muito boa, para eventualmente dar oportunidades a eles e ter mais tempo para mim.

O segredo talvez seja ter uma mistura de disciplina e regras com base no que se quer fazer (e pessoas são diferentes, então tem que fazer regras que façam sentido para você) e ter equipes que possam transformar uma empresa”.

  1.       Formar gente boa é o melhor negócio que se faz

“O empreendedor tem que dar grande importância ao tópico de gente. Geralmente, ele olha mais para custos e vendas e contrata alguém de RH para se ocupar do assunto. Gente é algo em que o dono tem que estar envolvido.

Na época do banco, eu entrevistava 1.000 pessoas por ano e as acompanhava. Hoje em dia, a AB InBev tem 150 mil pessoas e, até quando vai para a China, o Conselho vai tomar café com os trainees de lá; é essencial essa mentalidade de que gente é realmente importante. O Carlos Brito, CEO, também é extremamente ligado: ele sabe de cor a lista dos ‘High Potentials’ da empresa, tem uma ideia de quais são os trainees bons, onde estão, e como estão evoluindo. O Conselho discute uma vez por ano as 500 principais pessoas da empresa, o que elas têm de bom e em que precisam evoluir.

Gente é tão importante quanto vender, é tão importante quanto produzir barato. E se delegar para alguém, provavelmente não vai dar certo”.

  1.       Cultura não se impõe, cria-se em conjunto

“Nós temos programas de trainees nos EUA, China, Europa… Então apesar de sólida e firme, nossa cultura nem é mais brasileira, mas sempre foca em formar gente boa.

Sempre dedicamos um esforço enorme para treinar pessoas novas. Quando fomos para a Argentina (na compra da Quilmes), mandamos vários brasileiros que tinham sido ‘criados em casa’. Para os EUA, foram 100 pessoas de todo o mundo, mas já dentro da nossa cultura. No entanto, em nenhum lugar chegamos impondo que ‘nossa cultura vai ser assim’. Falamos ‘a nossa é assim, como é a de vocês?’, e a partir daí desenhávamos uma cultura organizacional comum.

Toda empresa tem gente boa e gente ruim: você tem que saber diferenciar o quanto antes e tomar as medidas necessárias, mesmo que termine em demissão. Em uma fusão nos Estados Unidos, por exemplo, entrevistamos as 400 pessoas do topo da empresa e ficamos com 200, mais ou menos.

O foco é remar junto, e tem funcionado bem assim”.

  1.       Venda seu sonho grande

“Sempre vendi o sonho muito maior do que o tamanho da empresa; é claro que se você vende um sonho que não chega nem perto da realidade, a turma não acredita. Se você vende o sonho que é difícil, mas que é atingível, melhor. Assim, você vai aumentando de sonho em sonho, engajando todo mundo, conforme a empresa cresce. Nós gostamos de metas anuais ‘esticadas’. Tem que ser esticada, mas não impossível”.

Fonte: Endeavor (Leia mais aqui)

Em tempos incertos, adaptar a Cultura é preciso!

Rever de tempos em tempos a cultura organizacional, entender os modelos mentais que regem a corporação e diagnosticar se os traços e hábitos culturais sustentam e são coerentes com os valores e objetivos da organização é tarefa estruturante para empresas que querem vencer tempos difíceis.

Entenda mais lendo este artigo que extraímos do Portal Exame.com especialmente para você.

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Empresas brasileiras correm para “ajustar” cultura interna

São Paulo — A cada três meses o presidente do banco Votorantim, João Teixeira, e três dos 15 diretores da companhia dedicam uma manhã a um encontro que não trata de dados financeiros ou outros indicadores numéricos.

Ao longo de 4 horas eles ouvem 17 representantes de todas as áreas a respeito de termos até pouco tempo atrás estranhos ao vocabulário interno, como “modelos mentais” dos funcionários que ajudam ou atrapalham a execução da nova estratégia do banco.

As informações para a reunião surgem do acompanhamento mensal que esses executivos fazem há mais de um ano com mais de 300 funcionários de diferentes níveis hierárquicos. O pano de fundo é a discussão sobre a cultura do banco. Eis um dos conceitos mais difíceis de definir na gestão — mas ao mesmo tempo fundamental para o sucesso das companhias.

Cultura é a manifestação prática dos valores da empresa. Empresas com cultura forte são normalmente vistas como superiores — por conseguir executar a estratégia de modo eficiente. O problema é quando os valores dizem uma coisa; e a prática, outra. O banco Votorantim está justamente no processo de tentar conectar as duas pontas — ou seja, de corrigir sua cultura.

No fim da década passada, uma sucessão de erros de gestão culminaram em dívidas e prejuízos recordes. Como resultado, um chacoalhão alterou a um só tempo o controle acionário, boa parte da cúpula e, por fim, a estratégia da companhia.

Teixeira assumiu o banco no auge da crise, em 2011, logo depois que o Banco do Brasil tornou-se sócio da família Ermírio de Moraes e passou a deter 50% das ações da companhia. Nos três primeiros anos, viveu o que chama de “modo de sobrevivência”, um período intenso de corte de custos. Desde o final de 2014, o esforço passou a ser a definição de uma nova estratégia para voltar a crescer com lucro.

Muitas delas, porém, entram em conflito com hábitos cultivados por décadas. Um exemplo: a equipe de produtos para o varejo poderia passar a oferecer empréstimos aos funcionários dos clientes corporativos da área de atacado. Mas, num modus operandi sedimentado ao longo de décadas, as pessoas de áreas distintas simplesmente não se comunicavam.

Parte do trabalho com os 17 “embaixadores” da nova cultura é monitorar se tabus como esse estão dando lugar a um novo jeito de trabalhar. “Nos últimos dois anos trabalhamos para evitar que aspectos tradicionais da cultura do banco joguem contra a estratégia”, afirma Teixeira.

Uma pesquisa realizada pela especialista em comportamento organizacional Betania Tanure, e obtida com exclusividade por EXAME, mostra que a preocupação dos diretores do Banco Votorantim coincide com a de muitos outros executivos de empresas brasileiras atualmente. Numa amostra de 2 000 executivos de 500 companhias de grande porte, 69% dos entrevistados afirmam precisar de uma mudança estratégica.

O problema: boa parte deles não acredita que a cultura corporativa atual seja capaz de tirá-la do papel. Trata-se de um dilema tão antigo quanto a existência das grandes corporações. Quando o assunto é a gestão de pessoas, falar é a parte fácil. Difícil é fazer com que as pessoas de fato façam o que precisa ser feito, sobretudo quando para isso é preciso alterar hábitos arraigados.
Uma das frases mais célebres do lendário guru de gestão Peter Drucker é: “Culture eats strategy for breakfast”. Numa tradução livre: “A cultura pode sabotar qualquer estratégia”. Em tese, a equação deveria ser simples. A diretoria desenha uma nova estratégia, depois escreve uma missão e um punhado de valores condizentes.

Os valores são incorporados à rotina dos funcionários e, assim, ajudam a formar uma nova cultura. Diversos estudos em todo o mundo, porém, revelam que esse processo está longe de ser assim tão harmonioso. Um dos levantamentos mais extensos nesse sentido foi realizado por especialistas da escola de negócios Fuqua, da Universidade Duke.

Entre 5 000 executivos de grandes companhias americanas e europeias, mais de 90% dizem que a cultura é importante para os resultados. Mas apenas 15% afirmam que a cultura organizacional vigente é a ideal. Para os autores, o assunto só desperta atenção quando algo dá muito errado.

Um exemplo: quando a montadora alemã Volkswagen reconheceu que fraudava sistematicamente dados sobre o consumo de combustível de seus automóveis. “Normalmente, só depois que os resultados ruins aparecem existe a consciência da inadequação da cultura. E a cultura, na prática, não muda rapidamente”, diz Betania.

Diga-se a favor da maioria que, se existe um consenso sobre o tema, é o de que forjar uma cultura eficiente está longe de ser uma tarefa simples. A primeira dificuldade: ela está lá e é condição vital para que a máquina continue a funcionar. Mas ninguém pode vê-la ou tocá-la. Está entranhada no comportamento de todos os funcionários e no jeito como as decisões são tomadas.

Uma pesquisa global feita pela consultoria Deloitte com cerca de 7 000 executivos neste ano revela que menos de um terço deles afirma entender de fato o conceito de cultura. Lou Gerstner, o lendário executivo que reergueu a gigante de tecnologia IBM nos anos 90, costuma dizer que é mais fácil reconhecer do que definir uma empresa com cultura forte. Nessas companhias, os sinais dela estão por toda parte.

Em vez de desfilar as habituais platitudes sobre filosofia de trabalho, a varejista online Amazon tem um documento com 14 mandamentos para sua equipe. Segundo uma recente reportagem do jornal The New York Times, uma piada interna diz que os “amazonianos” seguem tão fielmente os chamados princípios de liderança que costumam repassá-los até para seus filhos.

Os símbolos da cultura que prega a inovação e o questionamento contínuo estão nos detalhes: um dos prédios da companhia leva o nome de “Day One”, como uma lembrança de que todos os dias devem ser como o primeiro de existência da companhia.

As reuniões não começam com apresentações de PowerPoint — e sim com cerca de meia hora de leitura silenciosa de seis páginas de texto preparadas por quem vai conduzir o encontro. “Quando você tem de expressar suas ideias em frases e parágrafos completos, é preciso ter mais clareza sobre suas ideias”, disse o fundador Jeff Bezos.

“A cultura de uma empresa é criada devagar, ao longo do tempo, pelas pessoas e pelos eventos. Para o bem ou para o mal, é algo estável, duradouro e difícil de mudar”, escreveu Bezos em sua carta aos acionistas deste ano. Por vezes, a determinação na hora de cristalizar crenças e hábitos parece beirar o fanatismo religioso.

É o caso da varejista de calçados americana ¬Zappos, comprada pela Amazon em 2009, mas que manteve a gestão independente. Todos os funcionários passam as três primeiras semanas de trabalho no call center, atendendo clientes. Após esse período, a empresa oferece 3 000 dólares para que o recém-contratado deixe a companhia caso não tenha se identificado com o estilo de trabalho.

Todos os anos, os funcionários escrevem conjuntamente um livro, aberto ao público na internet, sobre o que acham a respeito da cultura da companhia. Reed Hastings, fundador da americana Netflix, considera sua cultura tão importante que montou uma apresentação de 124 páginas para detalhá-la. O documento já foi visto quase 15 milhões de vezes desde 2009.

O pesquisador americano James Heskett, professor emérito na escola de negócios da Universidade Harvard, foi um dos primeiros a estabelecer uma correlação direta entre cultura e resultados financeiros. Nos últimos 30 anos, Heskett analisou dados de mais de 200 empresas dentro e fora dos Estados Unidos.

De acordo com ele, uma cultura eficiente influencia positivamente aspectos não financeiros do negócio — como retenção de funcionários, relacionamento com o cliente e lealdade dos consumidores a produtos e serviços.

A conclusão foi que quase metade da diferença de lucro operacional entre algumas das empresas e suas concorrentes diretas se deve à cultura. “Diversos aspectos entram na conta, como a retenção e a produtividade dos funcionários”, disse Heskett a EXAME (veja entrevista na pág. 78).

Vida ou morte

Se criar uma cultura eficiente não é fácil, mudá-la é ainda mais complicado. A natureza humana joga contra. Mesmo em questões de vida ou morte, mudar, em geral, significa um esforço hercúleo. Estatísticas americanas mostram que apenas 20% dos pacientes com problemas cardíacos adotam novos hábitos necessários para aumentar sua expectativa de vida.

Quem se aventura num processo de mudança de cultura deve saber que esse é um caminho longo. Segundo: falar é importante, mas não basta. Atitudes tendem a ser mais eloquentes. É o que mostra a emblemática tentativa do banco Itaú de tirar o peso de sua hierarquia na última década. O banco fechou as portas do “gravatinha”, restaurante exclusivo para supervisores e gerentes, desativado em 2008.

Agora os funcionários de médio escalão fazem as refeições com seus subordinados. Na mesma época, Roberto Setubal, presidente do banco, enviou um e-mail a todos os funcionários no qual pedia para ser chamado simplesmente de Roberto — no lugar do pomposo “doutor” Roberto.

Desde 2010 ele lidera o chamado “encontro de líderes”, que reúne 6 000 executivos religiosamente uma vez por ano para discutir o “jeito Itaú de ser”. É algo novo dentro do que já foi um ambiente bem mais sisudo e formal. Os executivos da geradora e distribuidora de energia EDP no Brasil constataram na prática que esse processo exige persistência.

O primeiro esforço da subsidiária para unificar a cultura de suas operações, formada após uma série de aquisições, ocorreu em 2005, quando a companhia passou a ter ações negociadas em bolsa. Tudo aconteceu em poucas semanas. Primeiro, os diretores se reuniram e pensaram num conjunto de valores.

A lista foi publicada na intranet e impressa nos crachás. “Com o tempo, era algo que estava ali, mas ninguém lembrava que existia”, diz Miguel Setas, presidente da companhia no Brasil. Para sair do discurso e ter efeitos práticos, a nova tentativa de formação de cultura, iniciada em setembro de 2014, foi diferente.

Em vez de simplesmente comunicar os mais de 6 000 funcionários sobre a missão e os valores estabelecidos para a companhia, a diretoria decidiu consultá-los. Numa pesquisa, todos — desde eletricistas até funcionários dos escritórios — tiveram a chance de apontar os problemas mais frequentes no ambiente de trabalho. “Em geral se gasta uma semana para definir uma missão”, afirma Setas.

“Levamos oito meses para ouvir todo mundo.” Em outras proporções, algo semelhante aconteceu na empresa de fidelidade Dotz. Durante três meses, uma série de entrevistas com boa parte dos cerca de 300 funcionários ajudou a identificar que não havia uma visão única entre eles sobre o propósito da empresa. “O levantamento deixou claro onde estavam os pontos críticos”, diz Roberto Chade, presidente da Dotz.

Sem “aliados” do processo para manter a discussão constantemente ativa entre os funcionários, é muito provável que o assunto logo caia no esquecimento. No caso da EDP, foram recrutados voluntários de diversos níveis hierárquicos para conduzir encontros periódicos para discussão dos valores e de maneiras de colocá-los em prática. De início, os diretores esperavam que houvesse pelo menos 100 interessados.

Hoje há 200 deles, treinados especialmente para a função. Nem todos os encontros foram um sucesso. Mas as coisas melhoraram quando Miguel Setas, o presidente, apareceu de surpresa em alguns deles. “É difícil ganhar a adesão espontânea de toda a equipe, por isso o exemplo do líder é fundamental”, afirma Luis Gouveia, diretor de cultura organizacional da EDP.

A própria escolha desses embaixadores da cultura leva em conta a lógica de que o exemplo é tudo. Entre os voluntários, apenas os que eram considerados exemplares foram aceitos.

Na fabricante de material de construção Duratex, que iniciou um processo semelhante em meados de 2015, o critério de seleção dos multiplicadores foi o mesmo — foram escolhidos 16 funcionários para coordenar encontros mensais a partir de outubro. A tarefa deles é ir fundo nas razões que podem dificultar a mudança.

“Na hora de mudar, muitos dizem: ‘O que eu ganho com isso? Já estou fazendo minha parte’”, afirma Marcelo Linardi, gerente de relacionamento com o cliente do Banco Votorantim e um dos 17 eleitos “embaixadores da cultura”. Novos parâmetros de avaliação de desempenho e de distribuição de bônus costumam ser incentivos convincentes.

Na EDP, só havia metas financeiras para balizar esses dois processos. Hoje, mais de 3 000 funcionários são avaliados segundo indicadores como satisfação de clientes e desenvolvimento de fornecedores, identificados como pontos críticos da cultura da empresa. Quando o trabalho pode ser dado por encerrado? Em geral, o esforço extra para fortalecer uma nova cultura dura de dois a três anos.
Manter “embaixadores”, por exemplo, é saudável por um tempo. “Depois as pessoas passam a pensar de uma mesma maneira automaticamente”, diz a especialista Betania Tanure. Por definição, o fortalecimento da cultura é um processo que nunca acaba. Depende apenas — e isso não é pouco — da coerência entre o que se fala e o que se faz.

FONTE: Portal Exame Acesse aqui

Para informações sobre projetos de Cultura Organizacional, faça contato com a Véli em Santa Catarina através do [email protected] ou (47)3041-0041