EMPRESABILIDADE: sua empresa atrai craques em processos seletivos?
Flávia Kurth – Diretora Executiva e Headhunter da Véli RH na região Sul. Possui MBA em Gestão de Pessoas com foco em Estratégias pela FGV. Especialista em Comunicação e Gestão de Negócios pela Eastern Illinois University(EUA).
Nasci e cresci no ABC Paulista, rodeada por indústrias de todos os segmentos. Lembro que quando uma delas anunciava a abertura de vagas, formava-se rapidamente do lado de fora uma longa fila de candidatos, sedentos pela oportunidades de preencher uma ficha de trabalho e concorrer a um dos cargos. Se a vaga era executiva, candidatos entravam e saíam da empresa inúmeras vezes em dias diferentes. Alguns ansiosos e outros sonolentos de tanto esperar pelo atraso dos entrevistadores, mas todos se submetendo às condições dos extensos e cansativos processos de entrevistas e avaliações. Tudo por um emprego!
Eu mesma, quando buscava minha primeira oportunidade, me peguei cochilando no sofá de uma grande emissora de TV, em frente à secretária do diretor. Depois de passar mais um dia inteiro por várias entrevistas e preencher vários questionários, tive ainda que esperar por três horas enquanto ele encerrava uma reunião. Quando finalmente fui chamada tinha uma certeza: eu estava com medo, e ele com o poder da escolha.
Hoje o momento é outro. Vivemos em uma era de pleno emprego e a dificuldade em encontrar profissionais especializados é cada vez maior. Como no futebol, os craques, aqueles que entram na empresa e rapidamente conseguem se adaptar aos negócios, marcando gol já no começo do jogo, estão escassos. O problema é que os bons jogadores nem sempre estão disponíveis, ou não têm disposição nem disponibilidade para avaliar novas oportunidades de trabalho. Em muitos casos, também estão com o “passe” elevadíssimo.
É por isso que a tarefa de atrair e selecionar profissionais se tornou estratégica, o que tem provocado nas organizações a preocupação com um indicador vital: sua Empresabilidade.
Com a competitividade global, a atratividade é fundamental. Empresas precisam demonstrar diferenciais competitivos de mercado e em gestão de pessoas para os profissionais que querem atrair. O candidato “craque” avalia, e muito, a proposta de valor oferecida.
Como, então, atrair bons jogadores? É fundamental criar uma imagem institucional que estabeleça com o profissional uma relação de confiança. A empresa deve valorizar e não subestimar quem se colocou à disposição da oportunidade. Quem conduzir o processo seletivo deve respeitar datas e horários pré-agendados, deixar claro o que a empresa espera do profissional, os motivos da contratação a política de carreira, remuneração e gestão de pessoas. É preciso despertar no craque o desejo de jogar pelo seu time.
As organizações acreditam que seus colaboradores são(ou devem ser) os maiores promotores da sua marca. Mas muitas se esquecem de que, para cada colaborador que ela conquista, há vários candidatos reprovados que também estão no mercado falando dela.
Portanto é preciso jogar limpo o tempo todo, mesmo se o profissional não compor a equipe. Tem grande relevância neste processo o feedback negativo a quem não for contratado. Pior para a imagem institucional da empresa do que dar um feedback negativo é se calar.
Cuidados como estes não garantem à empresa o titulo do campeonato, mas com certeza ela estará marcando um golaço, o que já é um excelente começo em qualquer jogo.
Matéria publicada na revista NEGÓCIOS & EMPREENDIMENTOS – Edição número 14 – Para ver a matéria original, clique aqui. Matéria na página 76.